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Agronegócio

Guerra comercial amplia papel global do Brasil e destaca a urgência de um agro ainda mais financiado e estruturado

A nova escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China abre uma janela estratégica para o agronegócio brasileiro. A avaliação foi publicada pelo jornal britânico Financial Times, que destaca como o Brasil já vinha se consolidando como principal fornecedor de alimentos para a China e deve ampliar ainda mais essa posição. Os dados do primeiro trimestre de 2025 confirmam: as exportações de carne bovina brasileira para a China cresceram um terço em relação ao mesmo período do ano passado, com soja e frango também em alta. Além disso, a Europa impôs tarifas sobre os EUA, aumentando a demanda por produtos brasileiros.

Essa conjuntura reforça o protagonismo global do Brasil, mas também expõe um desafio urgente: como garantir que o país consiga atender a essa crescente demanda internacional sem comprometer sua estabilidade interna? A resposta está, em grande parte, no fortalecimento dos instrumentos de financiamento do agro — e, nesse contexto, os Fiagros, CBIOs e debêntures de infraestrutura ganham relevância estratégica.

“A demanda por crédito rural para a safra 2025/2026 ultrapassará a marca de R$ 1 trilhão; as linhas de crédito oficiais com juros equalizados, entretanto, cobrirão pouco mais da metade desse montante.” Isso evidencia que, para dar conta do novo ciclo de oportunidades internacionais, o Brasil precisa diversificar e ampliar suas fontes de crédito.

É nesse cenário que a recente Resolução CMN nº 5.202/2025 se destaca como marco histórico. “A partir de agora, os fundos fechados de previdência do Brasil (EFPC) poderão investir diretamente nos Fiagros e também nos CBIOs – certificados de descarbonização.” Esses instrumentos passam a ocupar um lugar central na agenda do desenvolvimento agropecuário brasileiro, permitindo que o setor tenha acesso a recursos de longo prazo, a custos mais competitivos.

A mudança tem um impacto direto na vida dos brasileiros: “contribui para a redução da inflação e alivia o orçamento das famílias brasileiras.” Ao financiar melhor a produção de alimentos, reduz-se o custo da comida, beneficiando especialmente a população mais vulnerável. O movimento também corrige distorções históricas, uma vez que “fundos de pensão internacionais já podiam investir no agro brasileiro, enquanto os nacionais estavam proibidos de fazê-lo.”

Além disso, esse novo cenário coloca o Brasil em linha com práticas de países desenvolvidos. “Nos EUA, esses fundos sempre foram grandes investidores em empresas especializadas na compra, gestão e arrendamento de terras agrícolas, especialmente por meio dos chamados REITs agrícolas.” O Canadá e a União Europeia também construíram sistemas sólidos de financiamento ao agro por meio de fundos de pensão e políticas públicas consistentes.

A partir dessas referências e da nova regulamentação brasileira, surge a oportunidade de ampliar a base de financiamento com capital nacional de longo prazo, garantindo não só o crescimento da produção, mas também a resiliência da cadeia agroindustrial diante de crises globais e oportunidades como a atual guerra comercial.

Em resumo, o momento exige visão estratégica e articulação entre o setor público, privado e os fundos de pensão. O Brasil já conquistou protagonismo na produção. Agora, com a entrada definitiva no jogo do financiamento estruturado, pode consolidar seu lugar no topo do mundo agroalimentar. Como concluem Arnaldo Jardim e Christino Áureo: “Sem dúvida, a decisão do CMN inaugura um novo capítulo para o financiamento do agro no Brasil, fundamental para consolidar a posição do país como potência agroalimentar global.”

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